quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

AGAPASM



AGAPASM
Associação Gaúcha de Pais e Amigos dos Surdocegos e Multideficientes
 
Colegas do RS e Brasil. Estamos repassando nossa indignação, que pode ser a sua assim que ler esta mensagem. Indignação trazida pela colega Ana Lúcia mas que reflete a dura realidade de muitas outras pessoas neste imenso Brasil. Acompanho a indignação - manifestação de Ana Lúcia titulada "E viva a postura desrespeitosa do INEP/MEC". Fatos como este acontecidos com ela são de fato uma violência. Ela esta certa em escrever e se manifestar e acima de tudo em encaminhar sua indignação. Apoio a manifestação pois imaginemos se isso acontece com uma pessoa cega o que restará a uma pessoa surdocega? A uma pessoa com Doença Rara? E tantas outras que possuem enormes necessidades? É de fato aterrorizante. Espero que as autoridades do MEC, da SECADI e do Inep leiam esta mensagem. Abraços. Alex Garcia - Pessoa Surdocega


Olá pessoal. Se não bastasse o abandono do MEC para com os alunos cegos do ensino 
superior, vejam o que me aconteceu hoje ao realizar a prova do ENADE. 
A minha prova foi solicitada em Braille, o que já significa que precisarei 
de ledor/transcritor. Pois bem, minha prova veio conforme o solicitado.


Porém ao chegar no local, deparei-me com quatro pessoas que foram 
disponibilizadas para ficar comigo. Nossa! cheguei a me sentir 
 tão importante!!!! 
Importante? Ou idiota? Para que quatro pessoas? Vamos lá: dois aplicadores 
e dois ledores/transcritores. Detalhe, o quarteto era simplesmente de 
aprendizes. Problemas? Os dois ledores/transcritores estavam vendo o 
 
braille pela primeira vez! Outro detalhe, ambos tomaram um curso pela 
internet para serem ledores/transcritores e até aquele momento 
 
não conheciam o braille. Então, imaginem qual a orientação dada a 
eles: Embora eu soubesse escrever e ler o braille teria que ditar 
 
minhas cinco questões dissertativas para que eles transcrevessem no caderno 
de respostas. Será que alguém pode me explicar o novo significado 
de transcritor? Até onde eu sei, o transcritor deve ter domínio do 
 
braille pois sua função é transcrever o que o candidato escreveu em braille 
e não copiar o que o candidato irá ditar. Pois bem, quando 
reivindiquei junto a coordenação, a resposta que obtive é que procuraram 
 
mas não encontraram alguém por aqui que soubesse o braille que não 
tivesse nenhum vínculo comigo. Então coloquei que não iria ditar e sim 
 
escrever minhas dissertações em braille e anexar ao caderno de respostas 
pra que o INEP/MEC providenciasse a transcrição. A coordenadora saiu e 
 
instantes depois voltou me tirando toda a concentração com o seguinte 
recado: "Os representantes da CESGRANRIO disseram que você terá que ditar 
 
suas questões para que os ledores coloquem no caderno de respostas pois 
se você for escrever em braille no caderno irá danificar e você 
 
tem disponível duas pessoas que estão qualificadas para te atender".


Me mantive firme e respondi que não, pois eu estava com as folhas de 
papel adequadas e que iria escrever minhas questões em braille. 
 
A coordenadora acatou porém disse que iria constar em ata. Observem que o 
MEC está preocupando-se com quantidade e não com a qualidade dos fiscais, 
 
ledores que disponibilizam para nós que optamos pelo braille, e que até 
onde sei é um direito nosso. Paga-se a quatro pessoas para nos auxiliarem 
 
mas não paga a uma, apenas uma que saiba o braille para fazer o serviço 
como tem que ser. Daí pergunto: Será que no MEC tem algum funcionário que 
 
seja cego total? Se afirmativo, será que ele é consultado sobre quais devem 
ser os procedimentos para atender às necessidades de um candidato cego? Se 
a prova foi solicitada em braille, será que não fica entendido que o 
ledor/transcritor também tem que saber o braille? Acredito que o MEC está 
 
precisando rever a forma pela qual vem executando as políticas de inclusão 
pois ficarem sentados entre quatro paredes dentro de salas confortáveis não 
ensina a ninguém como deve ser feita a verdadeira inclusão não! Nem títulos 
de Drs ou seja lá o que for não são o suficiente para saber quais às 
necessidades da pessoa com deficiência não! E só para acrescentar, eu não 
 
fui a única a passar por isso não, as pessoas cegas daqui de Itabuna que 
fizeram o ENEM foram tratadas da mesma forma. Penso que tá na hora dos 
 
conferencistas aproveitarem o momento e brigarem pela qualidade dos 
serviços que o MEC vem disponibilizando para as pessoas cegas pois não 
 
temos que aceitar o que eles querem não! precisamos que as nossas 
necessidades sejam atendidas de fato!



Ana Lúcia - 

E não deixe de acessar....!!!
Colegas as fotos de "Também somos seres humanos" agora estão no site Agapasm. Acesse http://www.agapasm.com.br/ 
 e depois Menu Fotos. Observe: Se você perceber a foto "amassada" de um click na foto que esta abrirá corretamente!

Abraços e obrigado! 

Alex Garcia
 
Pessoa Surdocega. Presidente da Agapasm. Coordenador do Núcleo Regional Rio Grande do Sul do Instituto Baresi. Escritor. Especialista em Educação Especial. Vencedor II Prêmio Sentidos. Rotariano Honorário - Rotary Club de São Luiz Gonzaga-RS. Líder Internacional para o Emprego de Pessoas com Deficiência Professional Program on International Leadership, Employment, and Disability (I-LEAD) Mobility International USA / MIUSA. Membro da World Federation of Deafblind - WFDB. Membro da Aliança Brasileira de Genética. Colunista da Revista REAÇÃO e do Portal Planeta Educação. Consultor da Rede Educativa Mundial - REDEM. Consultor Instituto Inclusão Brasil

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